Episódio 4

E o Setembro chegou, quase como se fosse primavera e não outono. Era uma sensação estranha. Como um presságio de qualquer coisa indefenida. Mal percebia o que estaria para acontecer. Aliás estava muito longe de saber o que iria acontecer e como a minha vida iria dar uma volta terrivel, assoladoramente terrivel de cento e oitenta graus.
Como passaria dos cem aos zero. Aos zeros absolutos sem tirar nem por. Como se iria em dois breves anos instalar a estagnação por um lado e um turbilhão de emoções por outro. Como se Fausto de Goethe encarnasse em mim ou eu em Fausto.
Mas o que então eu não sabia, era que estaria alguém para mergulhar no meu pequeno mundo.
O cabelo longo, mais longo do que é habitual, castanho, liso com ligeiras ondas como um lago calmo. Estatura média alta. Um ar brincalhão e sério quase desconcertante. Um brilho que batia no olhar. Pelo menos no meu olhar. Num certo dia, num determinado anfiteatro, onde eu aguardava o começo de mais uma aula, apenas para voltar a ver Isabel. E Isabel entrou subindo as escadas apressadamente. Soltando um click que libertou em mim a paixão à muito perdida. Fazendo o coração bater mais depressa. Como já há muito não fazia. Que brilho esse, que me mergulhou no turbilhão das emoções.
Eu fazia tudo para que os caminhos se cruzassem, nos intervalos das aulas, no caminho para a faculdade, no atravessar da rua, em todo o lado onde estivesse ou eu adivinhasse que Isabel estava.
Mas só os olhares se iam cruzando. Aqui e ali. Assim como quem não que a coisa. Um ou outro sorriso arrancados quase a ferro e fogo.

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