A fome

 




Apesar de parecer fora do contexto, aproxima-se uma época em que o desperdício de quase tudo toma proporções que realmente me irritam.É a época em que todos nós nos esqueçemos, dos animais que morrem de fome porque a seca lhes roubou o alimento, do agricultor que mal consegue sobreviver ao desepero de assistir impotente ao cambalear dos seus animais famintos. Esqueçemo-nos porque a “caixinha mágica”, só nos trás as más, mas espectaculares notícias. As que dão audiências. É nesta época que todos ficamos “bonzinhos”, mas sem memória. E a cidade fica tão bonita iluminada de desperdício !!! Ainda bem que podemos comprar todos os desperdícios para a familia, para os amigos, para os vizinhos, para os outros, para quem quer que seja, ao som da cidade iluminada. Poupar electricidade, para quê? As barragens estão tão cheias! O Verão está tão longe. Depois logo se vê. Agora temos é que pensar nas prendas, mesmo para aqueles que detestamos ou nos detestam ao longo do ano. Temos que ser “bonzinhos” nesta época do ano. E agora pergunto, então porque não o somos mesmo? Porque é que só alguns (muito poucos) dentro de uma camioneta, percorrendo planaltos, sentem a paisagem do quase Verão esfomeado, sentem a dor que por ali se vive numa assustadora quietude? Porque é que os outros passageiros na mesma camioneta, no mesmo planalto, provávelmente dormem? Não sei porquê. Não deveriamos todos ter esta percepção? Também não sei. Só sei que ainda sei muito pouco.

Um comentário:

Teresa Durães disse...

detesto natal e desperdício.

e gostei dos poemas lá em baixo

boa tarde (e não são dias, são épocas que me põem de mau humor, a época do natal por todos estes motivos e o principal - hipocrisia)